ESSA É, PORTANTO, A MINHA FILOSOFIA DE INVESTIMENTO decorrente de meio século de experiência profissional. A sua essência talvez possa ser resumida nos oito tópicos seguintes:

1. Comprar ações de companhias que contem com projetos estratégicos visando alcançar um considerável crescimento dos lucros em longo prazo e possuam qualidades inerentes, sendo difícil para os recém-chegados compartilhar desse crescimento.

2. Centralizar-se na compra das ações dessa companhia quando elas estiverem desfavorecidas, ou seja, em razão das condições gerais do mercado ou em decorrência de uma interpretação errónea por parte da comunidade financeira, fazendo essas ações ser vendidas por um valor menor do que o seu valor real.

3. Manter as ações até que: (a) haja uma mudança fundamental na sua natureza (tal como um enfraquecimento da administração, devido a uma modificação no quadro de pessoal da empresa), ou (b) elas tenham crescido até certo ponto em que não possam crescer mais depressa do que a economia como um todo. Vendê-las apenas em circunstâncias extremamente excepcionais, se houver, em razão de previsões do mercado, já que estas são muito difíceis de fazer. Nunca vender as ações mais atraentes em curto prazo. Ainda, quanto ao crescimento das companhias, lembre-se de que muitas empresas que são eficientemente administradas enquanto são pequenas fracassam ao modificar a sua estrutura administrativa, visando atender às necessidades da companhia quando ela cresce demais.

4. Quanto à valorização do capital, não dê demasiada ênfase aos dividendos. As oportunidades mais atraentes acabam aparecendo em grupos de ações lucrativas, porém com baixos dividendos ou até mesmo sem dividendo nenhum. Oportunidades extraordinárias são menos comuns em situações em que o alto percentual dos lucros é pago aos acionistas.

5. Cometer alguns erros é o preço a ser pago pela prática dos investimentos em busca de altos rendimentos, do mesmo modo que os empréstimos são inevitáveis, até mesmo nas empresas mais bem administradas e prósperas. O importante é reconhecê-los o mais rápido possível, entender as suas causas e evitar cometê-los novamente. Esperar por pequenas perdas em algumas ações e deixar os lucros crescer cada vez mais nas ações mais promissoras é um sinal de um bom gerenciamento do investimento. Obter pequenos lucros em bons investimentos e permitir que as perdas aumentem em investimentos inadequados indica o rumo de um investimento desastroso. Os lucros não devem ser auferidos apenas pela satisfação de adquiri-los.

6. Há poucas companhias verdadeiramente destacadas. As suas ações em geral não podem ser adquiridas por preços atraentes. Portanto, quando houver preços favoráveis, deve-se tirar proveito da situação. Os recursos devem se concentrar nas melhores oportunidades. Para aqueles envolvidos com capital de risco e empresas pequenas, digamos com vendas anuais abaixo de US$ 25 milhões, é necessário maior diversificação. Para as grandes empresas, uma diversificação adequada requer o investimento numa grande variedade de setores industriais com características económicas distintas. Para as pessoas físicas (ao contrário das instituições e certos tipos de fundos), um estoque acima de vinte ações diferentes é um sinal de incompetência financeira. Dez ou doze é considerado um número ideal. Às vezes, os custos dos impostos sobre os ganhos de capital justificam esperar alguns anos para movimentar a concentração dos investimentos. Quando o investimento de uma pessoa física sobe para um número total de vinte ações, é sempre recomendável trocar ações menos atraentes por outras mais valorizadas. Devemos nos lembrar que resultados deficientes são causados pela ação ineficiente.

7. Um ingrediente básico do gerenciamento de ações do mercado é a habilidade de questionar a opinião dominante na comunidade financeira: nem aceitá-la de ofício nem rejeitá-la sem justificativa. Deve-se avaliar com consciência na avaliação de situações específicas e ter a coragem de agir contrariamente à opinião comum se for o caso.

INVESTIDORES CONSERVADORES DORMEM TRANQUILOS – (PHILIP FISHER)